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Ambulatório Arco-íris

Por: Kleber Moitinho

Por Redação em às | Foto: Divulgação

Dias atrás, compartilhei com meus contatos que moram em Salvador e região metropolitana uma postagem da Prefeitura sobre a abertura do primeiro ambulatório especializado em saúde LGBT em Salvador. Posteriormente, uma amiga me pediu para explicar-lhe o porquê da necessidade de um posto de saúde específico para a comunidade LGBT. 

 

Compreendo que, sendo ela uma mulher cisgênero inserida num contexto essencialmente heteronormativo, ainda que tenha uma ou outra amizade com membros da comunidade LGBT, ela não tenha, de fato, uma vivência das questões que perpassam nossa existência. E achei louvável que, antes de pré-julgar, ela buscasse informações. É uma forma de ampliar sua visão.

 

Imaginando que outras pessoas possam ter se feito semelhante questionamento, segue minha tentativa de explicação.

Primeiro, gostaria de me referir a uma outra postagem que vi, esta do deputado estadual do RJ Átila Nunes, na qual ele fala sobre uma ocorrência que, de tão absurda, parece irreal. Um paciente entrou num centro cirúrgico para operar a coluna. O mesmo tinha uma tatuagem do Flamengo num braço e de atabaques de umbanda no outro. Ao voltar da cirurgia, a tatuagem dos atabaques havia sido queimada. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público.

 

Esta ocorrência extrema é ilustrativa de como intolerância e preconceito podem estar presentes até mesmo em espaços que deveriam obrigatoriamente, eticamente, moralmente, constitucionalmente oferecer segurança. Então, a primeira, e mais básica, justificativa para a implantação de um ambulatório voltado para pessoas LGBTQIAP+ é garantir respeito e acolhimento. Todos os funcionários, da portaria à direção, TEM QUE ser devidamente treinados para lidar com este público. São muitas as denúncias de pessoas constrangidas, violentadas, em espaços voltados para a população como um todo. Estas pessoas, em geral, economicamente carentes, são insultadas, desrespeitadas no seu direito de usar seu nome social e até proibidas de usar o banheiro público, dentre outras violências.

 

Além disso, no que tange aos profissionais de saúde especificamente, estes precisam ser especializados em questões mais inerentes a este público, sobretudo, em relação a pessoas trans e travestis (administração de hormônios, gestação trans etc.).

O próprio vídeo (https://www.instagram.com/reel/CyyDYgSg7nv/?igshid=NjFhOGMzYTE3ZQ%3D%3D),  relata os serviços que são oferecidos, e pode-se constatar que abrangem saúde física, saúde mental e cidadania.

Há muitas pessoas cisgênero e heterossexuais absolutamente empáticas com as questões LBGT. Graças! Entretanto, elas nunca terão a devida dimensão de quão desafiadora é nossa existência em quase todos os espaços. Em casa, na escola, no trabalho, na rua, na igreja, na pracinha do bairro…e no posto de saúde.

Que sejam implantados mais "ambulatórios arco-íris" pelo país!

 

Por: Kleber Moitinho

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