Uruguai se torna o primeiro país da América do Sul a legalizar a eutanásia
Por Redação em às | Foto: Divulgação

O Uruguai entrou para a história ao aprovar uma lei que autoriza a eutanásia em situações específicas, tornando-se o primeiro país da América do Sul a legalizar o procedimento. A medida foi aprovada nesta quarta-feira (15) pelo Senado, com 20 votos favoráveis entre 31 parlamentares, após já ter sido aprovada na Câmara dos Deputados em agosto.
A nova legislação, conhecida como Lei da Morte Digna, permite que pessoas maiores de idade, em plena capacidade mental e que enfrentam doenças irreversíveis ou em estágio terminal, possam solicitar o fim da vida de forma assistida. Para isso, o paciente deve expressar o desejo por escrito e passar por avaliações médicas que confirmem seu estado de saúde e a ausência de alternativas terapêuticas capazes de aliviar o sofrimento.
O tema gerou intensos debates no país, dividindo opiniões entre setores políticos, religiosos e profissionais de saúde. A Ordem dos Médicos do Uruguai participou ativamente da elaboração do texto, buscando garantir regras claras para proteger tanto os pacientes quanto os profissionais envolvidos no procedimento. Já a Igreja Católica e grupos conservadores manifestaram oposição, classificando a decisão como “um retrocesso ético”.
Casos como o de Beatriz Gelós, de 71 anos, que convive há quase duas décadas com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), e o de Pablo Cánepa, de 39, portador de uma doença rara e incurável, ganharam destaque durante a tramitação e contribuíram para sensibilizar a opinião pública.
Pesquisas recentes apontaram que mais de 60% dos uruguaios apoiam a legalização da eutanásia, o que reforçou a base de sustentação política para aprovação da lei. Ainda assim, a votação foi marcada por tensão: parte do público presente no Senado protestou, chamando os parlamentares favoráveis de “assassinos”.
Com a decisão, o Uruguai se consolida como um dos países mais progressistas da região em temas ligados aos direitos individuais e à liberdade de escolha, seguindo a linha de outras legislações pioneiras adotadas no país, como a descriminalização do aborto e a regulamentação da maconha.