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Salvador inicia capacitações para implementação de jardim de chuva

Por Redação em às | Foto: Divulgação

A Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência (Secis) prossegue com a série de capacitações e treinamentos para a implementação do primeiro jardim de chuva em Salvador. Nesta segunda (10) e terça-feira (11), a atividade presencial acontece na sede da Fecomércio-BA, na Casa do Comércio, na Avenida Tancredo Neves, para aproximadamente 30 técnicos de diferentes departamentos de órgãos municipais de Salvador.

 

O treinamento inclui visitas de campo nos locais com potencial para instalação do jardim de chuva e aulas teóricas e práticas do passo a passo do projeto. Será realizada ainda uma sessão para trocas de experiências entre Salvador e cidades convidadas: Campinas (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Curitiba (PR).

 

A capacitação é promovida no âmbito da iniciativa Cities4Forests, em parceria com o WRI Brasil, o C40 e a Agência de Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ). A intenção é implementar soluções baseadas na natureza para minimizar os desastres relacionados às mudanças do clima, gerando múltiplos benefícios para a economia, o ambiente e as pessoas, a exemplo do jardim de chuva.

 

“Esse é um modelo que exige baixa manutenção, uma vez que não há a necessidade de regar as plantas depois que se estabelecem. Um dos grandes benefícios está no fato de desse jardim reduzir a erosão, diminuindo o impacto de chuvas fortes, além de alimentar o lençol freático, sendo um agente ecologicamente sustentável”, ressalta a titular da Secis, Marcelle Moraes.

 

Os primeiros encontros foram realizados de modo virtual e abordaram o conceito de Soluções baseadas na Natureza (SbN) para as cidades, com foco nas potencialidades da drenagem sustentável; as particularidades de Salvador em relação a drenagem sustentável, principais oportunidades e desafios; e atribuições de cada secretaria da Prefeitura na execução do projeto.

Funcionamento – Jardins de chuva são jardins em depressões escavadas no solo, que acomodam a água da chuva proveniente do escoamento superficial e permitem a infiltração no solo e a recarga dos aquíferos. São utilizados em calçadas, canteiros centrais e rotatórias, atuando como esponjas. Além do aspecto funcional, contribuem para a valorização do espaço público e das propriedades em seu entorno.

 

“As enchentes e alagamentos cada vez mais frequentes são uma das evidências do quanto a crise climática já afeta as cidades brasileiras. Jardins de chuva são uma das diversas soluções baseadas na natureza que municípios podem implementar para estabelecer uma rede de drenagem mais eficiente e sustentável, que tenha na natureza uma aliada. Capacitar as cidades é uma ação crucial para impulsionar a implementação dessas soluções nas cidades. Este projeto-piloto é um primeiro passo para que Salvador possa aprofundar o conhecimento sobre as SbN, ao mesmo tempo em que gera mais qualidade de vida para a população e estimula outras cidades a seguirem o exemplo”, explica a especialista em Desenvolvimento Urbano do WRI Brasil, Lara Caccia.

 

De acordo com o gerente sênior de Adaptação do C40, Pedro Ribeiro, o processo de desenvolvimento e crescimento de grandes cidades ocorreu sem integrar o meio ambiente em que elas estão inseridas. Essa falta de integração, segundo o especialista, resulta em uma “batalha” diária entre cidade e meio ambiente.  

 

“O projeto de jardins de chuva de Salvador tem em seu cerne um novo paradigma, que busca restabelecer a integração urbana com o ecossistema em que a cidade deveria estar inserida, através das infraestruturas verdes. É um passo inicial para que Salvador integre em sua gestão as soluções baseadas na natureza para que a cidade seja mais resiliente aos impactos da mudança do clima", declara Ribeiro.

 

Em meio urbano, além dos jardins de chuva, outros exemplos de SBN são telhados verdes, parques lineares e fluviais, renaturalização de rios e restauração de encostas. São intervenções que contribuem para a drenagem das chuvas e recarga dos aquíferos; regulação da temperatura e redução do calor urbano; e redução de erosão e prevenção de deslizamentos.

 

Foto: Nereu Jr./WRI Brasil

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